Livro
Livro/ formato:210x 148,5mm com 41 contendo minhas poesias e ilustrações, publicado pela Editora Córrego. Para aquisição, entre em contato comigo ou pelo site da editora: http://www.editoracorrego.com.br
Valor:R$ 50,00
Espera
Apresentou-se o mundo a ela, que pensava
a simplicidade como regra
Era fluida sua forma de estar
​
Mas, as camadas se sobrepunham
O doce e intenso momento revelava-se a cada instante
como distante desafio
E ela esperava a cada pulsar a plenitude idealizada
E assim sendo, eliminava cada combinação do tempo,
transformada em obstáculo no espaço de forma serena
esperando o momento em que tudo seria revelado.
Camadas sobrepostas seriam organizadas no perfeito encaixe.
Ela estava certa disto e permanecia à espera
Até que o nó /enrosco se rompesse em destinada naturalidade.
Displicente (ou para nosso tempo)
​
Domino a indecência
Com voz de displicência
Odeio a coisa vaga da forma que me entrega
Não vê o mundo/insulto
A teia que há no fundo?!
A cama que está feita
Praquele que não respeita.
Há tanta incoerência,
Se vê a decadência.
O ser que tá tão turvo;
O homem dá seu uivo
E mete a mão na cara da vida que é tão rara!
Que raio de demência?!
Cadê a sutileza?
Por onde anda
a tal delicadeza?
O bicho que aparece,
devora o prato e a mesa
Sacia a loucura e volta a ser presa
Mas, veja, não tem jeito
Você foi o eleito, mas não honra esse fato
E acaba num só ato
com o encanto do sagrado.
(obs. que pena...)
Sente (se)
Descobre agora
A presença do improvável.
Entra no absoluto
onde a resposta mora
Abre de novo o acesso ao precioso
... nem tudo ainda é massa,
Nem tudo ainda é
Permite o desconhecimento
Te indicar o percurso
De novo: sente-se,
Sente
Cabrita
​
Ali estava ela, cabrita gorda que pretendia ser nuvem.
Alvoroçada pelo desprazer de não dominar a escolha
Não queria este papel, mas assim estava feito.
Deveria emagrecer para alcançar o galho
Então, agarraria o outro tronco e mais outro
Até que a umidade tocasse sua pata e a leveza se aconchegasse nos poros.
Seria assim um estágio mais avançado da condição de existir
Ali, na terra seca, só havia experimentado a sensação de ser textura grossa.
Adormecia agora com a imagem da sutileza.
E quando acordou, deixou de comer um pouco.
Já estava realizando o trajeto rumo ao céu.
​
Ser Montanha
Silenciosa permanência/
Delicadeza áspera da eternidade instalada.
Árido sutil mistério, ser feminino dos Andes.
Imanência de estrelas, origem que percorre as alturas
Num movimento contínuo de permanecer essência.
Giro
Fluxo que sai em giro
Extravasa inquietude,
Ausência do perene
O corpo necessita de estímulos
O externo lhe dá em excesso
​
Que sobriedade tal processo me destina?
Como ser novamente âmago/o eu que me identifica?
Onde estaria a lucidez necessária para o encontro/ reconhecimento?
​
Onde tudo se solidifica e cada coisa parece
estar vestida com seu figurino apropriado
onde a alma se faz inteira e o movimento solto se torna um fato
Quando o instante se expande
e a emoção pode transbordar de “eu infinito”,
De novo, para sempre!
Concretamente
Atmosfera dominante, que rejeita o Eu
Conquista incessante.
Esconde-se no buraco da parede,
Vira concreto.
O afeto, duro
desmancha, vira pó
e forma a massa pra construir de novo.
​
A estrutura ainda é rígida
Então, levanta o peso
quebra tudo mais uma vez
usa a tinta azul
pra habitar de novo o aconchego
e transformar o espaço num lugar seguro,
afeto estável, sereno
pintado de branco
re/forma, transforma.
Concretamente!
Como ser
​
Tudo já estava ali
Não teve tempo pra perceber
Não teve calma para olhar
Sem vontade pra dividir
Passou aqui pra ser melhor
Mas não entendeu o seu redor
E agora, encontrava o novamente o improvável.
​
Refletiu uma vez mais,
entendeu que tudo era originado do mesmo lugar
só as combinações foram estabelecidas de maneiras distintas
ao menos, ante aquilo que até o momento
pensava ser a realidade ideal.
Muda, escuta
​
Afeto solto
Descoberta
Revelação - tudo ainda pode encantar
O óbvio já demonstra o desgaste
Desvia a rota agora
Procura o que ainda não foi dito
Desorienta um pouco o passo
e permite o toque leve
​
Desarma a consciência
dá o lugar pra impermanência
Paciência
Veja o outro sem ter formato
Joga o limite ali, pro lado
E escuta agora o que foi calado