Quando percebi o entorno, ele já flutuava. As manchas da parede não eram concreto. Eram seres que compartilhavam espaços comigo. Mergulhava na observação dos detalhes, procurando nos gestos, imagens e palavras. O sentido não explícito. Qual a verdade escondida em cada ação ou intenção? A procura pela essência do subjetivo, a revelação não intencional, o olhar por baixo do revestimento, dentro da carne, no osso. Segredos da intimidade pessoal: que necessidade de entender! A aparente obviedade não me transmite o que a sensação escancara. Mundos que se entrelaçam, plantas, pessoas, vida por dentro, célula, átomo, sangue, fibra...combinações de formas : textura, movimento, cor, abstração e palavras... tudo é complemento. Nada habita sem relação. Quantas realidades ainda posso criar, diante da complexa e vasta fonte de possibilidades! Ainda há o segredo, a magia. Ainda há combinações não exploradas e realizadas. O inesperado é presente no instante. Que inquietude: alguns homens não observam através da leve película que oculta o encanto. Eu ainda estou procurando enxergar através dela e abro “minhas janelas” para aqueles que queiram espiar um pouco por dentro.